Elbe Lima de Holanda nasceu em Belém do Pará, no dia 2 de junho de 1927. Em 1932, foi escolhida, após um teste, para participar da Casa de Cabloco, durante a Festa de Nazaré, onde interpretava e cantava. Cantou também na "Hora do Guri", na Rádio Clube do Pará.
Em 1934 viajou por todo o Norte e Nordeste, com apresentações em várias cidades, quando aprendeu a sapatear. Em 1935, a atriz Alda Garrido a contratou para a revista "Olá, Seu Nicolau", no Teatro Carlos Gomes, e Elbe foi considerada menina prodígio, a "Shirley Temple do Norte". Desenvolveu o gosto por desenho e pintura, onde demonstrou grande talento. Em 1936, foi convidada para participar de uma apresentação com Carmem Miranda e o Bando da Lua, no Hotel Glória.
Passou a viver com os pais de criação, Francisco e Graziela Coringa, quando aprimorou o gosto pela música, e cantou diversas vezes na "Hora do Pato" na Rádio Nacional, obtendo sempre o primeiro lugar. Pai Chico comprou um circo e montou uma companhia teatral, quando viajaram pelo interior de São Paulo, Minas, Espírito Santo e Rio de Janeiro.
Em 1946, pai Chico vende o circo. Elbe reencontra sua mãe e retoma os estudos na Escola Técnica de Comércio do Pará. Encontra espaços para montar "Feia", de Paulo Magalhães, no Teatro da Paz, que ficou completamente lotado. E ainda aperfeiçoa seu conhecimento em desenho e pintura com Raul Deveza, conceituado pintor da época (e também nome de rua na Ilha).
Em 1953, formou-se e se casou-se com Wildemar. Nasceram os filhos Rosângela (que veio a falecer com só 10 anos de idade), Eliomar, Elma, Maria Guadalupe, Antônio e Rosana.
Em 1965, começa a fazer Programa de Calouros, aos domingos, com seus filhos e outras crianças, com distribuição de prêmios: cantor, cantora e vale-tudo. O movimento cresceu e foi parar no Clube da Portuguesa (1970), todos os domingos. Nesta mesma época, Elbe disputa o Vale-tudo do Chacrinha, na televisão, e ganha! (Boneca de Piche). Wildemar adoece e falece.
Em 1972, numa noite de temporal, de brincadeiras e piadas no blecaute, nasce uma ideia: Elbe sugere montar "Feia", todos concordam. E o Grupo de Artes e Teatro da Ilha do Governador (Gatig) vem ao mundo. Com o Gatig, Elbe de Holanda pôde mostrar todo seu talento: teatróloga, pintora, desenhista, poeta, atriz, cantora, dançarina, diretora, compositora, mãe e mulher-cidadã. Resolveu escrever suas próprias peças, o que desencadeou o mais importante movimento cultural da Ilha. Hoje seu acervo conta com mais de 40 textos teatrais (infantis, infanto-juvenis e adultos), muitos premiados em diversos festivais. O Gatig hoje é considerado de utilidade pública pela Câmara de Vereadores, pelos serviços prestados à cultura e à comunidade.
Nos anos 80, o Grupo chegou a ter mais de 100 componentes, entre atores, atrizes, técnicos (som e luz), músicos, cenógrafos, figurinistas, maquiadores, iluminadores, contrarregras, diretores e produtores.
Em 1990, "tia Elbe" (como ficou conhecida) foi nomeada cidadã honorária do Rio de Janeiro.
Naquela década, o grupo realiza muitos trabalhos nos teatros Lemos Cunha e Óperon. Nesse último chegou a criar a Oficina de Teatro Óperon (OTO), onde "tia Elbe" (que, curiosamente, não gostava de ser fotografada) e outros professores de teatro formaram muitos dos atuais atores e atrizes do grupo.
No ano 2000, escreveu e montou o espetáculo "Brasil 500", o último de sua carreira. No segundo semestre deste mesmo ano, tia Elbe ficou doente e faleceu em 27 de janeiro de 2001.
Morou na antiga Rua "L" na Portuguesa (na área conhecida como "casinhas"), que hoje leva seu nome. Em toda a Ilha, "tia Elbe" se imortalizou como sinônimo de arte e cultura. Em 2 de junho de 2002, foi inaugurada no Jardim Guanabara uma casa de cultura que também leva seu nome.
Agradecimento ao jornalista Alzir Rabelo, editor do Jornal Golfinho, pela cessão da foto
Com informações de www.spescoladeteatro.org.br, www.gatig.com.br e www.cceh.com.br