Cassiano Ricardo Leite, jornalista, poeta e ensaísta, nasceu em São José dos Campos (SP), em 26 de julho de 1895.
Quarto ocupante da Cadeira 31, eleito em 9 de setembro de 1937, na sucessão de Paulo Setúbal e recebido pelo acadêmico Guilherme de Almeida em 28 de dezembro de 1937. Recebeu os acadêmicos Fernando de Azevedo (também nome de rua no Village) e Menotti del Picchia.
Filho de Francisco Leite Machado e Minervina Ricardo Leite, fez os primeiros estudos na cidade natal.
Aos 16 anos, publicava o primeiro livro de poesias, "Dentro da Noite".
Iniciou o curso de Direito em São Paulo, concluindo-o no Rio, em 1917.
De volta a São Paulo, foi um dos líderes do movimento pela Semana de Arte Moderna da 1922, participando ativamente dos grupos "Verde Amarelo" e "Anta", ao lado de Plínio Salgado, Menotti del Picchia, Raul Bopp, Cândido Mota Filho e outros.
No jornalismo, Cassiano Ricardo trabalhou no "Correio Paulistano" (de 1923 a 1930), como redator e dirigiu "A Manhã", do Rio de Janeiro (de 1940 a 1944). Em 1924, fundou a "Novíssima", revista literária dedicada à causa dos modernistas e ao intercâmbio cultural pan-americano. Também foi o criador das revistas "Planalto" (1930) e "Invenção" (1962).
Em 1937, fundou, com Menotti del Picchia e Mota Filho, a "Bandeira", movimento político que se contrapunha ao Integralismo. Dirigiu, àquele tempo, o jornal "O Anhanguera", que defendia a ideologia da Bandeira, condensada na fórmula: "Por uma democracia social Brasileira, contra as ideologias dissolventes e exóticas".
Eleito, em 1950, presidente do Clube da Poesia em São Paulo, foi várias vezes reeleito, tendo instituído, em sua gestão, um curso de Poética e iniciado a publicação da coleção "Novíssimos", destinada a publicar e apresentar valores representativos daquela fase da poesia Brasileira. Entre 1953 e 1954, foi chefe do Escritório Comercial do Brasil em Paris.
Poeta de caráter lírico-sentimental em seu primeiro livro, ligado ao Parnasianismo/Simbolismo, em "A Flauta de Pã "(1917) adota a posição nacionalista do movimento de 1922, revelando-se um modernista ortodoxo até o início da década de 40. As obras "Vamos Caçar Papagaios" (1926), "Borrões de Verde e Amarelo" (1927) e "Martim Cererê" (1928) estão entre as mais representativas do Modernismo. Com "O Sangue das Horas" (1943), inicia uma nova e surpreendente fase, passando do imagismo cromático ao lirismo introspectivo-filosófico, que se acentua em "Um dia Depois do Outro" (1947), obra que a crítica em geral considera o marco divisório da sua carreira literária. Acompanhou de perto as experiências do Concretismo e do Praxismo, movimentos da poesia de vanguarda nas décadas de 50 e 60.
A sua obra "Jeremias Sem-chorar", de 1964, é bem representativa desta posição de um poeta experimental que veio de bem longe em sua vivência estética e, nesse livro, está em pl
eno domínio das técnicas gráfico-visuais vanguardistas.
Historiador e ensaísta, Cassiano Ricardo publicou em 1940 "Marcha para Oeste", em que estuda o movimento das entradas e bandeiras.
Faleceu no Rio de Janeiro em 14 de janeiro de 1974.
Fonte e foto: Academia Brasileira de Letras