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O termo tupi possui dois sentidos: um genérico e outro específico. O sentido genérico do termo remete aos índios que habitavam a costa brasileira no século XVI e que falavam a língua tupi. O sentido específico do termo remete aos índios que habitavam a região da atual cidade de São Vicente, na mesma época.
Estudos demonstram que os tupis teriam habitado originalmente os vales dos rios Madeira e Xingu, que são afluentes da margem meridional do Rio Amazonas. Estas tribos, que sempre foram nômades, teriam iniciado uma migração em direção à foz do Rio Amazonas e, de lá, pelo litoral para o sul. Supõe-se que esta migração, que teria também ocorrido pelo continente adentro no sentido norte-sul, tenha principiado no início da era cristã.
Alguns autores sustentam que, nesta trajetória, os tupis tenham enfrentado os tupinambás, que já habitariam o litoral; outros sustentam que apenas se tratava de levas sucessivas do mesmo povo, os posteriores encontrando os anteriores já estabelecidos. Certo é que, nesse processo, as tribos tupis derrotaram as tribos tapuias que já habitavam o litoral brasileiro, expulsando-as, então, para o interior do continente, por volta do ano 1000.
Quando os navegadores europeus começaram a frequentar a costa brasileira, no século XVI, passaram a estabelecer relações de comércio com os tupis que a habitavam. Alguns grupos tupis, como os tabajaras, os tupiniquins e os temiminós, se aliaram aos portugueses. Outros, como os tamoios, se aliaram aos franceses. Isto valeu, aos tamoios, sua aniquilação quase total por parte dos portugueses. O conflito passou à história como Confederação dos Tamoios. Em 1574, o último foco de resistência indígena em Cabo Frio, no atual estado do Rio de Janeiro, foi vencido pelos portugueses com um número incalculável de mortos e com a captura de cerca de 10 mil escravos indígenas. Os sobreviventes ingressaram continente adentro por mais de 200 léguas e, por cerca de 20 anos, rumaram para o norte, se juntando àqueles outros que se retiravam de Pernambuco e voltando a se estabelecer no Maranhão e no Pará.
Até hoje, existem, em locais de difícil acesso na Serra do Mar dos estados do Espírito Santo e Bahia, uns poucos grupos indígenas que se autodenominam tupinambás e tupiniquins. Eles já não falam a sua língua original tupi e somam uns 3 mil indivíduos atualmente.
Os tupis se compunham de tribos compostas de unidades menores, as aldeias, que mantinham entre si interesses comuns. Nas aldeias, havia normalmente de 500 a 600 pessoas, que viviam em grandes habitações ou malocas coletivas, cuja estrutura de madeira recebia uma cobertura de folhas de palmeira. Em geral, o número de habitações variava de quatro a sete por aldeia, cada uma delas abrigando um grande grupo familiar. A poligamia era prática comum entre os chefes e entre os guerreiros mais destacados.
A divisão do trabalho era feita de acordo com o sexo e a idade. As mulheres, além dos afazeres domésticos, ocupavam-se da agricultura e da coleta e colaboravam na pesca. Encarregavam-se da preparação do cauim - bebida fermentada à base de mandioca - e de muitas atividades artesanais, como tecer redes, trançar cestos, fazer tapetes etc.
Além da derrubada da mata e da preparação da terra para o plantio, os homens ocupavam-se da caça, da pesca e do fabrico de canoas, armas de guerra e instrumentos de trabalho. Deviam erguer as habitações, defender a aldeia, tomar parte da guerra e executar os prisioneiros, se sua tribo praticava a antropofagia. Também eram os homens que exerciam a função de curandeiros.
As crianças ajudavam os pais em algumas atividades e realizavam tarefas correspondentes à sua idade, como cuidar dos irmãos menores ou espantar os pássaros das plantações no período que antecedia a colheita.
Os tupis foram objeto de poesia e prosa no movimento literário romântico do Brasil do século XIX. Além disso, a língua tupi exerceu uma grande influência na formação do português brasileiro. Os tupis também influenciaram muitos outros aspectos da cultura brasileira contemporânea, como o uso de redes de dormir, a culinária e a peteca.

Fonte: Wikipedia
Ilustração: índio tupi do século XVII, por Albert Eckhout (1610-1666)

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