Ex-morador do Cocotá, Luiz Gonzaga do Nascimento nasceu em 13.12.1912, em Exu (PE) e faleceu a 2.08.1989, em Recife.
Com sete anos, Gonzaga já pegava na enxada, trabalhando na lavoura, e nas horas vagas ficava vendo o pai tocar sanfona e ia aprendendo a gostar do instrumento. Seu pai também consertava instrumentos e incentivava nos filhos o gosto musical.
Com 12 anos, Gonzaga já acompanhava o pai animando sambas em diversos terreiros pelo sertão do Araripe, onde fica Exu. Aprendeu com o pai a afinação dos foles de oito baixos. Protegido pelo patrão de seu pai, conhecido como Sinhô Aires, aprendeu as primeiras letras com as filhas do fazendeiro. Ganhou de Sinhô Aires um empréstimo de 60 mil réis, que juntou a outros 60 mil que tinha guardados por ter combinado com o patrão de trabalhar sem receber ordenado, e comprou sua primeira sanfona, da marca "Veado", em Ouricuri (PE). Ainda jovem animava bailes em diferentes localidades como Granito, Baixio dos Doidos, Rancharia e Cajazeiras, tendo para isso de andar a pé mais de 20 léguas. Em 1924, sua família teve a casa inundada pela cheia e foi obrigada a mudar-se, indo residir no povoado de Araripe, na fazenda Várzea Grande. Em 1926, já se apresentava profissionalmente, tocando em festas.
Em 1930, antes de completar 18 anos, apaixonara-se por uma menina de família tradicional na região e o pai da mesma não permitia o namoro por considerar Gonzaga um sanfoneirozinho sem futuro. Luiz foi tirar satisfações com o "coronel", que foi falar com sua mãe que somente não o matara em respeito a ela. Luiz levou uma surra exemplar da mãe e resolveu fugir de casa, dirigindo-se para a cidade de Crato (CE). Lá vendeu a sanfona para pegar um trem até Fortaleza, onde entrou para o Batalhão de Caçadores. No 23º Batalhão de Caçadores tornou-se o corneteiro 122, também conhecido como "Bico de aço". Algum tempo depois, transferido para o sul de Minas e já servindo no Sudeste, prestou prova para sanfoneiro da banda da Polícia Militar de Minas Gerais, mas foi reprovado por desconhecer a escala musical. Passou então a estudar teoria e ao mesmo tempo a aprender as músicas que faziam sucesso no centro/sul do país, como polcas, valsas, boleros, rancheiras, tangos...
Por essa época, servindo em Juiz de Fora, costumava tocar em festas nas horas de folga. Em 1937 foi transferido para Ouro Fino, onde conheceu o advogado Raul Apocalipse, que organizava festas no Clube Éden local, e convidou Gonzaga para apresentar-se, propiciando-lhe a primeira oportunidade de tocar diante de um público urbano. Em 1938 foi vítima de um golpe de um caixeiro viajante que lhe vendeu uma sanfona branca de 80 baixos à prestação, que lhe seria entregue em SP quando terminasse de pagar. Depois de várias prestações, Gonzaga rifou a sanfona que tinha e com o dinheiro arrecadado foi para SP. Quando lá chegou, descobriu que o endereço dado era falso. No hotel em que se hospedara, de um italiano, acabou conseguindo comprar uma sanfona idêntica à prometida, que pertencia ao filho do proprietário do hotel. Por 700 mil réis, Gonzaga obteve uma sanfona Horner branca de 80 baixos e retornou para Ouro Fino. Em 1939, com 10 anos de Exército, teve de dar baixa, pois o regulamento não permitia a permanência de so
ldados com mais de 10 anos de "casa". No mesmo ano embarcou para o Rio, de onde pegaria um navio de volta para Pernambuco. No Rio, conheceu o ex-marinheiro e violonista Xavier Pinheiro, que tocava na noite e apresentava-se em programas na Rádio Vera Cruz.
No início da década de 1940, comprou uma sanfona de 120 baixos e foi apresentado por Xavier Pinheiro a Antenógenes Silva, o mais famoso acordeonista da época, com quem começou a estudar. Em 1947 conheceu Helena das Neves Cavalcanti com quem se casou no ano seguinte. O casal não teve filhos.
Com informações do Dicionário Cravo Albim da Música Popular Brasileira e de http://blog.tnh1.ne10.uol.com.br
Foto: www.cultura.rj.gov.br