Joracy Schafflor Camargo, jornalista, cronista, professor e teatrólogo, nasceu no Rio de Janeiro, em 18 de outubro de 1898. Fez o curso primário na Escola Ramiz Galvão e o Ginásio no Colégio Americano-Brasileiro e no Ginásio Federal. Graduou-se em Ciências Comerciais pelo Instituto Comercial do Rio de Janeiro. Iniciou a vida pública em 1916, como funcionário das Obras contra as Secas, com exercício no interior de Pernambuco. Regressou ao Rio no ano seguinte, exercendo outros cargos burocáticos, até 1930, quando passou a dedicar-se exclusivamente ao jornalismo. Ingressara em 1919 na redação de "O Imparcial", do qual se afastou em 1920 para colaborar com João do Rio na fundação de "A Pátria".
Escreveu a primeira peça de sucesso movido por dificuldades financeiras e atendendo a um pedido da Empresa Pinto & Neves, do Teatro Recreio Dramático. Em colaboração com Pacheco Filho, escreveu uma revista intitulada "Me Leva, Meu Bem", representada no Teatro Recreio, em 1925, pela Companhia Margarida Max.
Surgida no ano seguinte, a revista "Calma Brasil", atingiu o mesmo sucesso. Em 1927 vieram as comédias "De Quem é a Vez?" e "A Menina dos Olhos", com interpretação de Leopoldo Fróis, Dulcina de Morais, Plácido Ferreira e outros. Estava, assim, firmada a reputação de Joracy Camargo como autor teatral e como jornalista, tendo sido convidado por Mário Rodrigues para participar da redação de "A Manhã".
Em 1931, escreveu a primeira com‚dia para o ator Procópio Ferreira, com o título "O Bobo do Rei", considerada pela crítica como o início do teatro social no Brasil, e tal foi a sua repercussão que recebeu o prêmio de teatro da Academia Brasileira de Letras em 1932. Nesse ano escreveu a peça "Deus Lhe Pague", representada pela primeira vez no Teatro Boa Vista (SP), no dia 30 de dezembro, pela Companhia Procópio Ferreira. Em 15 de junho de 1933 era representada no Teatro Cassino Beira-Mar, no Rio.
Vertida para o espanhol por José Siciliano e Roberto Talice, foi representada em Buenos Aires, simultaneamente, em quatro teatros. Em 1936, foi incluída no repertório das companhias de todos os países latino-americanos. Na Universidade de Baltimore, nos EUA, a peça foi adotada como livro auxiliar para os estudantes de Língua Portuguesa, tendo sido então representada, pelos alunos, não só naquela instituição como na Academia Militar de West-Point. Em 1935 Procópio Ferreira alcançou grande sucesso com as representações da peça em Lisboa; em 1947 foi representada em Madri e em todo o interior da Espanha, em tradução do marquês Juan Inácio Luca de Tena. Essa peça foi vertida para muitos idiomas, inclusive o polonês, hebraico, iídiche e japonês, e constituiu, ainda, o maior sucesso de livraria da literatura teatral. Em vida do autor, alcançou, no Brasil, 30 edições, cinco em Portugal, três na Argentina, duas no Chile e nos EUA e uma em diversos outros países.
Prestou serviços de colaboração na Campanha de Educação de Adultos e realizou inquéritos para o Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos, do Ministério da Educação e Cultura, visitando, durante cinco anos consecutivos, todo o território nacional, proferindo conferências e palestras e realizando cursos intensivos de artes cênicas para amadores teatrais. Organizou o I Congresso Brasileiro de Teatro. Foi professor de Técnica Teatral no Curso de Especialização Teatral para Professores e de Estética no Conservatório Nacional de Teatro, do Ministério da Educação e Cultura, e professor de História do Teatro na Academia de Teatro da Fundação Brasileira de Teatro.
Como delegado do Brasil, participou dos congressos internacionais de autores e compositores, realizados em diversos países, de 1935 a 1966.
Quarto ocupante da Cadeira 32, eleito em 17 de agosto de 1967, na sucessão de Viriato Correia e recebido pelo acadêmico Adonias Filho em 16 de outubro. Faleceu no Rio de Janeiro em 11 de março de 1973.
Fonte e foto: ABL