Iracema, lenda do Ceará, é um romance da literatura romântica brasileira publicado em 1865 e escrito por José de Alencar (1829-1877), fazendo parte da trilogia indianista do autor. Os outros dois romances pertencentes à trilogia são "O Guarani" e "Ubirajara".
Iracema é um termo do nheengatu que significa "saída de abelhas, enxame" (irá, abelhas + sema, saída). É também um anagrama da palavra "América". Na obra, o escritor José de Alencar explica que "Iracema" é um termo originário da língua tupi que significa "lábios de mel": porém, segundo o tupinólogo Eduardo de Almeida Navarro, tal etimologia não é correta.
Em "Iracema", Alencar criou uma explicação poética para as origens de sua terra natal, daí o subtítulo da obra - "Lenda do Ceará". A "virgem dos lábios de mel" tornou-se símbolo do Ceará, e seu filho, Moacir, nascido de seus amores com o colonizador português Martim, representa o primeiro cearense, fruto da união das duas raças.
Para José de Alencar, como explicita o subtítulo de seu romance, Iracema é uma "Lenda do Ceará".
O encontro da natureza (Iracema) e da civilização (Martim) projeta-se na duplicidade da marcação temporal. Há, em Iracema, um tempo poético marcado pelos ritmos da natureza e pela percepção sensorial de sua passagem (as estações, a lua, o sol, a brisa), que predomina no corpo da narrativa, e um tempo histórico, cronológico. O tempo histórico situa-se nos primeiros anos do século XVII, quando Portugal ainda estava sob o domínio espanhol (União Ibérica), e, por forças da união das coroas ibéricas, a dinastia castelhana ou filipina reinava em Portugal e em suas colônias ultramarinas.
A ação inicia-se entre 1603 e o começo de 1604, e prolonga-se até 1611. O episódio amoroso entre Martim e Iracema, do encontro à morte da protagonista, dá-se em 1604 e ocupa quase todo o romance, do capítulo II ao XXXII. A valorização da cor local, do típico, do exótico, inscreve-se na intenção nacionalista de embelezar a terra natal por meio de metáforas e comparações que ampliam as imagens de um Nordeste paradisíaco, primitivo. É o Nordeste das praias e das serras (Ibiapaba), dos rios (Parnaíba e Jaguaribe) e da Bica do Ipu ou "bica da Iracema".
Fonte e foto: Wikipedia
Capa: https://lh4.googleusercontent.com