Newton Estillac (às vezes grafado Estilac) Leal nasceu no Rio de Janeiro, em 1893. Cursou a Escola Militar do Realengo, na segunda metade da década de 1910, quando travou contato com muitos dos futuros líderes das revoltas tenentistas deflagradas contra o governo no decorrer da década seguinte.
Em 1922, deu apoio discreto à primeira dessas revoltas, deflagrada no Forte de Copacabana, estendendo-se também para a Vila Militar, onde servia. Já em 1924, teve participação ativa na articulação e na deflagração do levante ocorrido em SP sob o comando do general Isidoro Dias Lopes e do oficial da Força Pública estadual, Miguel Costa. Após cerca de três semanas controlando a cidade, os rebeldes decidiram retirar-se em direção ao Paraná, operação que contou com a participação destacada de Estillac. Ferido, retirou-se para o exílio na Argentina.
Em 1929, foi favorável à aproximação entre tenentes e grupos oligárquicos dissidentes que haviam formado a Aliança Liberal com a finalidade de lançar o gaúcho Getúlio Vargas como candidato de oposição às eleições presidenciais marcadas para março de 1930. Realizado o pleito e definida a vitória do candidato situacionista, Júlio Prestes, iniciaram-se imediatamente as articulações no interior da Aliança Liberal com vistas à deflagração de um levante armado que evitasse a posse do candidato eleito. Estillac Leal fez parte, então, do Estado-maior revolucionário que provocou a queda do Governo Federal em outubro daquele ano, participando de operações militares no RS e estados vizinhos.
Após a posse do novo governo, liderado por Getúlio Vargas, participou do Clube 3 de Outubro, organização que procurava dar coesão aos revolucionários identificados com o movimento tenentista. Por essa época, contudo, priorizou a sua carreira no Exército, deixando em segundo plano as atividades políticas.
Em 1935, quando comandava o 1º Grupo de Obuses na então capital federal, foi convidado por Luiz Carlos Prestes para participar dos levantes deflagrados em novembro daquele ano em nome da Aliança Nacional Libertadora (ANL), frente antifascista e anti-imperialista, formada por comunistas, socialistas e tenentes de esquerda. Embora recusando o convite, não denunciou a conspiração aos superiores, o que lhe valeu, no futuro, acusações de conivência com o movimento, ainda que tenha cumprido as ordens recebidas de dar combate aos revoltosos.
Em 1945, já general, alertou Vargas sobre as conspirações que se desenvolviam no meio militar com o objetivo de depor o presidente, afinal concretizadas em outubro daquele ano.
Em 1949, foi nomeado comandante da Zona Militar Sul, antecessora do III Exército, em Porto Alegre, posto no qual desenvolveu intensa atividade política. No ano seguinte, foi eleito presidente do Clube Militar derrotando o general Cordeiro de Farias. A chapa vitoriosa defendia teses nacionalistas e polêmicas, tais como o monopólio estatal do petróleo; o respeito incondicional à legalidade democrática, e o não alinhamento internacional aos EUA, com críticas à intervenção americana na Coreia.
Em 1951, licenciou-se da Presidência do Clube para assumir o Ministério da Guerra, no segundo Governo Vargas, sendo afastado do cargo em março do ano seguinte. Tentou se reeleger para a Presidência do Clube Militar, mas foi derrotado por Alcides Etchegoyen, representante dos setores que haviam lançado Cordeiro de Farias anteriormente.
Em abril de 1954, assumiu o comando da Zona Militar Centro, futuro II Exército, com sede em São Paulo, exercendo o cargo até setembro deste ano. Ainda em 1954, chegou a ser cogitado por setores nacionalistas e de esquerda para disputar a eleição presidencial de 1955, mas seu desinteresse pela indicação impediu que as articulações obtivessem sucesso. Morreu no Rio, em 1955.
Fonte: Cpdoc/FGV, com informações do Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro pós 1930. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001
Foto: Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (www.ift.unesp.br)