José de Cupertino Coelho Cintra nasceu em Pernambuco, a 18 de setembro de 1843.
Um dos grandes técnicos da história da engenharia nacional das últimas décadas do século XIX à primeira do XX; construtor e idealizador do primeiro túnel de Copacabana e que, no cargo de inspetor geral de Terras e Colonização do Espírito Santo, prestou relevantes serviços no estabelecimento da colonização naquela província e na do Rio Grande do Sul, onde é tido como o "fundador" de Caxias do Sul.
Bacharelou-se em Matemática e Ciências Físicas e Naturais (1865) pela Escola Central (hoje Faculdade Nacional de Engenharia) e iniciou sua vida profissional na então Província do Espírito Santo, sendo seu primeiro cargo o de ajudante da Fiscalização da Companhia City Improvements. Diplomático e pacificador, na Inspetoria Geral de Terras e Colonização, negociou soluções definitivas para diversas insatisfações de imigrantes nas províncias capixaba e gaúcha, como, por exemplo, o problema criado contra imigrantes austríacos e italianos, que, como solução, foram embarcados e remetidos para o Rio Grande do Sul e estabelecidos em Campo dos Bugres. A colônia de Campo dos Bugres prosperou logo, sob a direção do grande engenheiro que, sendo amigo pessoal do eminente militar, deu à colônia o nome de Caxias, quando o duque foi chefe de Gabinete do Império. Hoje, Caxias do Sul é uma das mais prósperas cidades do país e símbolo da colonização italiana. Também fundou diversos núcleos coloniais naquelas províncias e em São Paulo.
Em 1889, passou a dirigir a Companhia Ferro-Carril do Jardim Botânico, participando da elaboração e execução de grandes projetos de transporte público através do sistema de bondes. Inteligente e arrojado empreendedor, como gerente da companhia, executou a duplicação da linha de bondes de Botafogo à Escola Militar da Praia Vermelha e estendeu as linhas até Copacabana. Esta extensão foi possível com a abertura do primeiro túnel para aquele bairro (1892), ligando a Rua Real Grandeza (em Botafogo) à Rua Barroso (atual Siqueira Campos): o chamado Túnel Velho (hoje Túnel Alaôr Prata, em homenagem prefeito do Rio de 1922 a 1926). A obra durou oito meses para ser completada, sendo dois de escavações na rocha.
Criou os bondes de segunda classe para a população mais humilde da cidade, a preços reduzidos, apelidados carinhosamente de "taiobas", pela cor verde.
Devido a seu grande prestígio, foi nomeado prefeito do Recife e negociou (1898) com famoso empresário cearense Delmiro Gouveia (1863-1917) a construção de um mercado modelo sem similar no Brasil, aproveitando as terras abandonadas do Derby Clube. O projeto incluía carrosséis, sanitários, teatro, regatas, hotel, bares e velódromo, depois chamado de Mercado Coelho Cintra, com seus 18 portões e 112 janelas e venezianas... um centro do pólo urbanístico. Os preços baixos do Mercado Coelho Cintra incomodaram os demais comerciantes e o mesmo foi incendiado nos primeiros dias do ano seguinte pelos inimigos políticos de Delmiro. Hoje o edifício, após reforma (1924), é o quartel-general da Polícia Militar de Pernambuco.
Apesar de sido deputado por Pernambuco, prefeito da cidade do Recife, oficial de gabinete do ministro Francisco Sá, aposentou-se aos 78 anos de idade.
Considerado "Pai de Copacabana", faleceu no Rio de Janeiro a 12 de agosto de 1939, a 37 dias de completar 96 anos.
O acesso a Copacabana, ligando as avenidas Lauro Sodré, em Botafogo; e Princesa Isabel, em Copacabana, tornou-se, em 1937, oficialmente Túnel Engenheiro Coelho Cintra, em sua honra.
Fora inaugurado em 1906 como Túnel Carioca e depois, Túnel do Leme, ganhou em 1949 uma segunda galeria que é mais conhecida como Túnel Novo.
Fonte: Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de Campina Grande, Alerj e www.copacabana.com
Foto: www.ruascariocas.net